Concordância Nominal: É proibido…É preciso…
27
abril
2016

Os adjetivos bom, necessário, preciso e proibido, entre outros, em função predicativa e antepostos ao sujeito, ficam invariáveis (ou seja, no masculino singular) quando o sujeito da oração constitui-se de substantivo usado de forma indeterminada, de modo vago ou geral, portanto sem artigo definido. Temos abaixo alguns exemplos:

1) Água pura é bom para tudo.
2) Cerveja é gostoso no verão.
3) É necessário muita fé, antes de mais nada.
4) É proibido entrada de pessoas estranhas.
5) É preciso qualidades de modelo para ser elegante?
6) É preciso consciência.

Desde que haja a determinação (com o artigo definido ou pronome), a concordância é exigida, dizem os manuais de gramática. 

1) A água que bebemos é boa.
2) É gostosa essa cerveja.
3) É necessária toda a fé possível para se chegar ao céu.
4) É proibida a entrada! de pessoas estranhas.
5) São precisas as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais.
6) É precisa a consciência de uma criança para ser feliz.

Até o número 4 temos frases usuais, de uso corrente. Mas as construções 5 e 6 soam completamente artificiais. O que se pode concluir, então, é que no português brasileiro não se costuma flexionar o adjetivo “preciso” quando anteposto ao sujeito. Nós até flexionamos seu similar “necessário”, mas não o adjetivo “preciso”, que sempre tem uma implicação de neutralidade. Comprove-se o fato: 

É preciso as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais.

É preciso a consciência de uma criança para ser feliz.

Ou se usa o adjetivo assim no neutro, ou se faz a substituição:

São necessárias as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais.

É necessária a consciência de uma criança para ser feliz.

Fonte: www.linguabrasil.com.br

 

Paulo Roberto Ribeiro
prr@ascom.ufla.br